Incontinência Urinária - parte 1


Incontinência urinária é a incapacidade de conter urina ou eliminação involuntária da mesma. Desde a vida intrauterina os rins já funcionam. E, em condições normais, trabalham até que a morte chegue. Dentre várias funções, os rins são responsáveis pela formação da urina, que, à rigor, é o excesso de água e escórias (medicamentos, toxinas, substâncias) não mais necessários ou indesejáveis ao corpo.

Depois de produzida, a urina precisa ser armazenada e adequadamente eliminada. Através de dois tubos que saem dos rins e denominados ureteres, a urina é levada para a bexiga que tem dupla função. A primeira, que consome 23h e 55m do dia, é a de armazenamento, pois, do contrário a expulsão da urina seria contínua e viveríamos molhados. A segunda função é a de eliminação, medicamente conhecida com micção (ato de urinar). O somatório dos tempos das micções nas 24 horas chega a aproximadamente 5 minutos. Portanto, embora a bexiga tenha dupla função, a de armazenamento é responsável por 99,7% do tempo de um dia.

Quando no período de armazenamento (enchimento) urinário, não deve haver perda urinária. E essa ausência de perda é chamada continência urinária (capacidade de conter). Para que a continência exista é necessário que a uretra – órgão que é responsável pela condução da urina da bexiga até o meio exterior – também tenha suas funções preservadas. Assim como a bexiga,a uretra também tem duas funções. Uma delas, durante o enchimento da bexiga, é a de manter-se fechada para que a urina não seja eliminada involuntariamente. A outra é a de abrir-se para que haja a micção, ou seja, para que se possa urinar.

Falhas dos mecanismos de contenção uretral ou alterações do funcionamento da bexiga na fase de armazenamento podem gerar perda urinária (incontinência urinária). Há diversos tipos e graus de incontinência, que pode acometer ambos os sexos em qualquer faixa etária. Os tipos mais comuns de incontinência são:

de Esforço – quando há perda urinária em consequência de tosses, espirros, risadas, caminhadas, corridas, etc.

de Urgência – quando há uma vontade súbita e incontrolável de urinar, incapaz de ser contida até o banheiro.


Há também os tipos: Reflexa, Paradoxal, por Transbordamento e por Baixa Complacência, que serão abordadas posteriormente.

Quanto ao grau de incontinência, tem-se: leve, moderada, severa e total. Serão estes, mais adiante, abordados com maiores detalhes.

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Botox e Incontinência Urinária


Existem vários tipos e graus de incontinência urinária, que é a "eliminação involuntária de urina, objetivamente demonstrável, podendo causar problemas de saúde e de higiene", segundo a ICS (International Continence Society). Entretanto, dois tipos de incontinência, em particular, têm maior prevalência nos consultórios urológicos: a) aos esforços físicos, desencadeadas por tosses, espirros, ginástica, risos, etc. e b) de urgência, desencadeadas por contrações involuntárias da bexiga durante e fase de armazenamento urinário, quando esta deveria estar relaxada, e é caracterizada pelo desejo súbito e incontrolável de urinar, com perda antes da chegada ao banheiro.

A incontinência de urgência (Síndrome da Bexiga Hiperativa) pode ser secundária aproblemas neurológicos (bexiga neurogênica) ou as chamadas idiopáticas (de causa ainda desconhecida), estas últimas mais comuns em mulheres consideradas normais, na pós-menopausa. Como causas neurológicas mais observadas têm-se: seqüelas de AVC ("derrame cerebral"), Mal de Parkinson, Doença de Alzheimer, Esclerose Múltipla, mielorradiculopatias, mielodisplasias (mielomeningocele), infecções / tumores do sistema nervoso central, traumatismos raquimedulares (TRM) e cranioencefálicos (TCE), entre outras mais raras. Nesta classe, algumas incontinências caracterizam-se pela perda súbita, porém sem a percepção da sensação urinária. Estão geralmente relacionadas aos acometimentos da medula espinal e são reclassificadas como Bexiga Hiperreflexa.

Até hoje, basicamente, o tratamento da bexiga hiperativa consiste na administração de medicamentos da classe dos anticolinérgicos, antidepressivos tricíclicos ou mediantereeducação miccional com mudança de hábitos ou procedimentos em Fisioterapia, sendo o mais utilizado a Eletroestimulação de Baixa Freqüência da bexiga. Os maiores problemas relacionados ao uso de medicamentos são a presença de efeitos colaterais, particularmente secura na boca, além do custo financeiro e do tempo de tratamento que é prolongado, muitas vezes "ad infinitum".

Há pouco mais de 10 anos, a toxina botulínica do tipo A (Botox®), vem sendo testada em vários serviços urológicos do mundo, apresentando expressivos resultados benéficos no controle desta síndrome urinária. É obtida pela coleta da toxina elaborada pela bactéria causadora doBotulismo (Clostridium botulinum), doença que leva à paralisia muscular generalizada, podendo resultar na morte. Entretanto, quantidades ínfimas, esta toxina, largamente utilizada para atenuar rugas da face, não representam risco à saúde. Quando injetadas em 20 a 30 pontos da parede interna da bexiga, através de cistoscopia sob sedação (anestesia superficial), são capazes de inibir as contrações involuntárias, geradoras das incontinências de urgência. Traz a vantagem de ter um efeito prolongado- podendo chegar a um ano - antes de necessitar de nova aplicação. Em raros casos, ultrapassam os doze meses de ação, havendo relatos de até dois anos de êxito.

Faz-se necessário informar que é um tratamento alternativo aos habitualmente utilizados. Não é a solução dos problemas indesejáveis relativos à bexiga hiperativa, mas representa um avanço consistente no controle dos sintomas urinários e na proteção da função dos rins, por redução da atividade pressórica dentro da bexiga. Ressalte-se que na incontinência urinária de esforço, o Botox não produz resultados.

Carlos Bayma

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Próstata - parte 2


Atualmente muitos são os tratamentos para a hiperplasia prostática benigna (aumento benigno do órgão, cuja sigla é HPB). O tratamento cirúrgico foi o mais utilizado por décadas. Embora continue sendo um método muito utilizado, há opções menos agressivas que a cirurgia aberta.

Tratamentos - também cirúrgicos - bem menos agressivos têm sido desenvolvidos nos últimos tempos, entre eles a ressecção da próstata pela uretra, laser, Botox e, clinicamente, utilização de medicamentos que reduzem o tamanho prostático ou aumentam o calibre uretral no segmento prostático, facilitando o fluxo urinário.

As principais complicações da cirurgia prostática benigna são:

Incontinência urinária

Ausência de ejaculação

Possibilidade de novo estreitamento

Dificuldade para ereção peniana

Os tratamentos clínicos, embora não curativos, podem ser uma boa alternativa ao procedimento cirúrgico, exceto nos casos mais avançados.

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